21 outubro, 2009

O Silêncio como linguagem

O que é o silêncio? É o momento em que nenhum som se ouve; ou mesmo o instante em que nenhum som se faz; pode ser o intervalo entre palavras ou frases; pode ser a pausa, o fim. Pode ser descanso, parcial ou final de uma fala, de algo pronunciado.

Mas o silêncio é tudo isso e vai além, pontuando a linguagem com sua necessária intervenção. O silêncio se presta a orientar aquele que fala e aquele que ouve, serve como elo entre as palavras perdidas/organizadas dentro de uma frase, de uma estrutura linguística. Como pensar que isso ocorra?
Na verdade, pressupomos que ocorra. Não é dito, não está escrito em nenhuma gramática e nem nos é demonstrado por professores de Português ou outras línguas. Mas está lá. Como seria falar sem os intervalos de silêncio? Como seria um climax sem o silêncio que precede a revelação final? Como podemos pensar a comunicação sem o silêncio?
E não falei ainda do silêncio que se torna mais importante que palavras. Aquele tipo de comunicação mais corporal que verbal, mais intuitiva, mais "natural", que só podemos estabelecer com um outro que conheça nosso eu, nosso íntimo. O silêncio como comunicação é como uma ligação direta de um eu com outro eu, de consciência à consciência, por isso difícil de se fazer e perceber.
Mesmo agora, ocorre que o silêncio é o que pontua esses pensamentos. E temos aí o aspecto mais importante do silêncio, na forma de introspecção. O silêncio de si mesmo, o intervalo da cacofonia de pensamentos e ideias. Exercitar seu silêncio é uma virtude de auto-conhecimento, de elevação de sua consciência.
E pode começar de modo simples, apenas ouvindo (verdadeiramente ouvindo)o que um outro tem a nos dizer. Não foi à toa que fomos agraciados com apenas uma boca e dois ouvidos.

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