30 agosto, 2012

Argumentação

     A tentativa de explicar uma hipótese, uma crença ou conhecimento passa necessariamente por uma cadeia de razões capaz de dizer porque somos capazes de tais conclusões. Mas como podemos fazer isso?
       Se tomamos como base a razão, a forma de explicação baseada em evidências e conhecimento mais sólido do que mera opinião, devemos levar em consideração os argumentos capazes de dar explicações sobre um assunto em particular; o argumento é o termo explicativo que carrega conclusões dedutivas sobre algo (com evidência lógica), ou indutivas (por probabilidade).
      O argumento sustenta as ideias inerentes que estamos tentando demonstrar, tentando afirmar crenças justificadas em conhecimentos anteriores. Buscamos as bases, as fundações de nosso saber, através de uma estrutura que remonta a um conjunto de razões criadas ao longo de nossa existência.
      Não queremos aqui, ainda, discutir a maneira como construímos essas bases ou como funciona  o ganho de conhecimento, ou mesmo o que é conhecimento. Quero apenas chamar atenção para o fato de que devemos sempre argumentar sobre as coisas que queremos explicar, fugindo de opiniões sem  sustentação, sem razão.
      Parece estranho que tenhamos que invocar o Argumento ainda hoje, em pleno século XXI! Mas como podemos ainda não perceber que a falta de argumentos não gera explicações ou debates? Sem isso, temos apenas discussão, "achismos" e falsas crenças. Cada interlocutor fala o que pensa, explica sem argumento, sem razão. Me admira que todos tenhamos que comprovar coisas perante governo, instituições, estudos... Mas quando se trata de crenças pessoais ou conhecimentos, evita-se argumentar. Não é educado questionar crenças, não é permitido duvidar de estranhos, sem um bom motivo para tanto.
      Ora! Se não posso duvidar, questionar ou exigir explicações sobre algumas coisas, por que tenho que ter razões para outras? Ou questiono tudo procurando argumentos ou apenas me contento com opiniões de cada um, respeitando crenças até mesmo descabidas sobre qualquer coisa. 
      Obviamente, parece não fazer sentido negligenciar os argumentos, as razões. Temos que acreditar que o mundo tem algumas regras, que podemos aprender algo, que levamos experiências ao longo de nossa jornada pessoal ao longo de nossa existência. Todos temos memória, temos percepções, temos condições  de justificar coisas, mesmo sem conhecer suas regras. Podemos inferir as regras implícitas por dedução, usando lógica. Podemos entender coisas por indução, por saber que certas coisas se repetem, tendo probabilidade de se repetir (o sol nasce todo dia..., mas pode não nascer amanhã).
      Por isso, entendo que devemos resgatar o hábito de argumentar, justificar, explicar os conceitos. Temos que mostrar como podemos manter opiniões ou crenças mais sólidas, ainda que o conhecimento não seja pedra, para evitar viver em um mundo dúbio, vazio; Não é possível que a crença não-justificada ainda impere em nossa razão diária, nossas relações pessoais ou conhecimentos simples.

2 comentários:

  1. o problema do âmago oculto (que é a ESPIRITUALIDADE, corrija-me se entendi mal) é que toda esta capacidade de conceitualização de um filósofo ainda o prende na eterna tarefa de "espancar" o catolicismo.
    toda esta consciência argumentativa, cujos mais fanáticos beiram a verborragia arrogante e sacal, deveria ANTES olhar justamente para sua vaca sagrada (que na verdade não passa de uma FERRAMENTA) que é a CIÊNCIA e ver que lá no passado longínquo, a mesma (CIÊNCIA + ESPIRITUALIDADE) andavam juntas e o indivíduo era de fato PLENO. não duas metades de uma 'briga' burra que apenas enfraquece o Homem enquanto ser universal.

    Rodolfo Ultradark, seu amigo.

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  2. Boa Rodolfo.
    Concordo em parte contigo, mas esse debate argumentativo tenta mostrar o que vem antes de qualquer debate. Seriam as "regras" de um bom diálogo (entendido como uma forma de conversa onde se expõe razões, se ouve outras e pode-se avançar em conhecimento), seja filosófico ou não.
    Essa separação entre racional e emocional, empírico ou idealista, faz parte de uma parte mais complexa de argumentos, que dizem respeito a conceitos gerais. Uma hora dessas postoo algo nesse sentido.
    Obrigado pelo comentário!

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