10 agosto, 2012

Intolerância e Preconceito. Por quê?

     Tentar entender certas atitudes éticas das pessoas em nosso dia-a-dia parece cada vez mais difícil. Imaginar a origem dos preconceitos é um exercício, que confesso, sou incapaz de alcançar se é possível fazê-lo. Mas o que motiva a intolerância?
       O que nos é diferente, estranho ou apenas não-familiar parece gerar um medo infundado de que o que é observado possa causar mal ou mudar o  observador de alguma forma. Por que existe preconceito? Porque se acredita que a opinião já formulada tenha mais valor do que uma nova formulação, principalmente sobre algo que seja completamente diferente.
      Como justificar a intolerância? Não é possível. Mas para o intolerante, que não se percebe como tal, existem formas legítimas de pensar outros povos, pessoas e coisas como algo ruim, maligno, prejudicial. Não perceber essa forma de pensamento intolerante é uma marca registrada de muitas pessoas em posições de destaque na mídia, no trabalho, no governo, nas escolas, em nossas rodas de amigos. O  que isso quer dizer?
       Quer dizer que estamos cercados de pessoas intolerantes e preconceituosas; mas também que a nossa sociedade é assim. Essas pessoas são apenas reflexo do que a grande maioria pensa, agindo de acordo com essa aceitação velada de preconceitos e ideias retrógradas em pleno século XXI. Mas poderia ser diferente?
     Penso que não. Somos uma sociedade hipócrita, que vive de preconceitos e intolerâncias. Que se alimenta de fofocas, de desgraças alheias, de sofrimento e miséria. O fato de discriminar gays, negros, pobres, índios, estrangeiros, religiões, ateus, nerds,... ou que quer que gere esses sentimentos, parece vir de uma necessidade de extravasar angústias, pequenez e uma termenda  falta de ética. 
      Somos ensinados por nossos pais a pesar assim; aprendemos na escola a ser alvo de piadas ou revidar, alimentando o ciclo de intolerância; nas piadas racistas passadas de geração em geração; na forma depreciativa de falar sobre gays e  lésbicas; no olhar de nojo ou pena que percebemos vindo de uma pessoa a outra que seja diferente.
      Eu lamento por isso. Lamento que não possamos ainda nos ver simplesmente como humanos, em toda a nossa diversidade. Lamento pela energia gasta em pensar bobagens, em pôr apelidos, em formular maneiras de atingir pessoas com xingões, agressões e outras formas de machucar a alma. 
      Será que somos humanos? Ou nunca fomos?
     Ou pior, ser um humano, talvez signifique carregar essa forma de pensar intolerante e preconceituosa. Se assim for, não gosto da ideia de pertencer a essa espécie, destruidora de tudo e todos, de pensamentos e  sentimentos, de vontades e de espíritos livres. Quero ser um macaco, voltar atrás na escala evolutiva e tentar de novo. Em algum ponto pararmos de evoluir como espíritos pensantes, deixando para trás justamente aquilo que poderia nos unir combater a intolerância. Ainda bem que não penso seriamente nessa hipótese.
   Mas nem tudo está perdido. Pessoas esclarecidas combatem essa intolerância, esse preconceito arraigado. Buscam ensinar seus filhos, seus alunos, seus amigos; tentam entender os que os atacam e mostrar a eles seu valor como pessoa, como ser humano.
       Mesmo assim, não gosto de fofoca, racismo, homofobia e outras formas de fanatismo e intolerância. E nem dos que os praticam.

4 comentários:

  1. Brilhante Alex! Que bom que existem pessoas como você andando por ai e disseminando pensamentos tão louváveis!
    Parabéns

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  2. Alex matner depois que li o seu texto percebi que ainda existem pessoas evoluidas, pena que em baixissima quantidade mesmo assim continue na sua caminhada.

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