16 agosto, 2011

Aforismos III

     11) Entre os limites de nossos sistemas de entendimento ainda somos desconhecidos de nós mesmos.  Não somos sinceros com nossas convicções, com nossos anseios, nossas necessidades e amores. Como podemos garantir que seremos sinceros com outra pessoa? Sempre se mente, em algum grau, para si e para os outros.   
     12) Acredito na solidez da bruma, na realidade do efêmero. O que me é desconhecido é meu chão; do que se toma por verdade, tenho receio e certo desconforto. Aquilo que assusta me fascina; o que questiona minha sanidade: admiro. Sei de pouca coisa diferente do que tu sabes, mas então, o que me diferencia de ti?


     13) No sussurro, na noite, nos segredos velados do passado e por toda história: assim sobrevive a chama do instinto natural humano e seu conhecimento. Nada demais, mas que por ser tão enfeitado e tão protegido parece maior do que deveria ser.


     14) Duvidar de tudo é um ceticismo radical que não merece ser pensado, sob pena de anular a compreensão de vida que podemos ter. Duvidar do que podemos supor: isso sim é um ceticismo saudável. Por vezes, devemos duvidar também do evidente, do “concreto” e do que os sentidos captam.


     15) Vejo a criança a brincar: quão imaginativo é o intelecto humano puro, ainda livre de convenções sociais, de dogmatismos e certezas alheias. A criança inventa maneiras de explicar o que não sabe, busca novas formas de pensar. Quando adultos fazemos parecido, só que não inventamos mais; apenas usamos idéias alheias para explicar o que não sabemos. Os que mantêm seu espírito infantil são os verdadeiros criadores e pensadores.

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