31 outubro, 2011

Racionalidade

O cerne da filosofia foi a busca de respostas para as questões fundamentais do Homem (origem, sentido da vida, o além da vida, funcionamento da natureza) enquanto ser pensante. Até que ponto essa necessidade de conhecimento é puramente por causa de nossa racionalidade? Não seria o oposto, uma tentativa de justificar o fato de que pensamos e que esse pensamento é racional, enquanto outros seres não o têm?
            Mas a racionalidade por si não é o que define um ser humano. A memória e o conhecimento de nossa finitude, a consciência, a capacidade de usar de associações de idéias e construir ferramentas, tecnologia. Tudo isso nos diferencia dos outros seres vivos do planeta, por isso dominamos a Terra e não outros predadores mais perigosos.
            A racionalidade humana, entendida nesse contexto como soma de todos esses fatores, é o que motiva a busca e apreensão do conhecimento? Por saber de muita coisa, por fazer combinações de pensamentos, por abstrair ideias sinto necessidade de saber mais, conhecer mais. Por isso chego a desenvolver métodos de estudo, teorias, hipóteses. Carrego minha memória com informações, ideias.
            E se for o contrário: eu sei que penso, que tenho uma racionalidade humana, distinta dos demais seres vivos; por quê? Como não há um conhecimento único do que define o ser humano, não há uma teoria comprovada de como se desenvolveu apenas em nossa espécie esse tipo de pensar, então acabamos por criar hipóteses. A mais simples é a mais direta: por quê? Em seguida vem o “como?”, “por quem?" ou "o que?”.
            O problema é estabelecer formas de diferenciar o que vem primeiro, critérios que nos façam entender a maneira de raciocinar do ser humano. Parece que caímos num círculo vicioso onde não há como saber se pensamos dessa forma por sermos racionais ou porque somos racionais e justificamos uma forma de pensar.
            A racionalidade ainda é um problema para a filosofia e as ciências que lidam com o pensamento humano. Ao menos por enquanto ficamos com esse enigma em nossa mente, algo a ser pensado e explorado com cuidado.

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