29 julho, 2011

Opiniões

     Que relevância tem uma opinião escrita, dita ou manifestada de qualquer forma para as pessoas, os outros?
      Por que alguém deveria se importar com o que eu digo sobre algo? Por que devo eu me importar em expor minhas opiniões sobre qualquer assunto?

     As opiniões são pensamentos que expressam o que um interlocutor deseja passar a outro, carregadas com seu conhecimento, preconceitos, virtudes e falhas. São baseadas em nossos juízos de valor, formulados ao analisar um assunto, uma coisa ou objeto. Temos necessidade de expor esses juízos, convencendo o outro de nossa perspectiva.
     A etimologia da palavra Opinião indica isso: vem do latim OPINIO, que significa “conjectura, o que a gente pensa, crença”, ou de OPINARI, “pensar, supor, julgar”.
     Para os gregos, anteriormente, vem da palavra Doxa (opinião) e representava para os filósofos um pensamento e conhecimento incompleto, insatisfatório. Apenas o conhecimento (gnosis) ou a sabedoria (sofia) eram capazes de explicar a verdade.
     Assim, as perguntas iniciais se mesclam nas formas eruditas e de senso comum: uma opinião seria uma maneira de passar o que se pensa, o que se acredita sobre algo, e também serve (indiretamente) para demonstrar conhecimento.
     O conceito comum de opinião pode não ser o melhor filosoficamente, por conter também os erros e se focar mais no que nem se sabe direito, ainda que tenha coisas positivas em sua gênese.
     As pessoas tendem a entender e aceitar melhor uma opinião do que um conhecimento. Basta tentar conversar com alguém: diga que “eu acho...” sobre qualquer coisa; experimente dizer “eu sei que...” e cite suas fontes. Fica evidente o tédio com relação à segunda investida. E isso não é uma exlusividade moderna, tem a ver com a sociedade humana e suas relações.
     O problema da opinião é que ela é regrada para, e pelo, senso comum, para as pessoas comuns. Nela não se deve levar fontes a sério, não se deve buscar a origem do que foi expresso, deve ser natural e casual ao ser expressada. Isso aproxima os interlocutores, coloca-os em pé de igualdade e os deixa em condições de refutarem-se mutuamente. Fala-se muito, diz-se pouco, assimila-se menos ainda. E assim se controem relações, sociedades, conceitos; assim se avança lentamente na difusão e entendimento do gênero humano.
     A importância de uma opinião está, para o outro, nessa cadeia tácita de medíocres saberes, regrados por preconceitos e conhecimentos incompletos. A opinião é a expressão do conhecimento em sua forma mais primitiva, mais comum; é, portanto, sua forma mais baixa, medíocre. Funciona como comunicação casual, comum, funcional. Não há porque ser diferente em relações do dia-a-dia.
O que não pode ocorrer é consider-se a opinião como algo além disso, como uma forma legítima de se afirmar algo sobre qualquer coisa. A opinião não diz exatamente o que deveria ser dito, até por não ter reflexão prévia envolvida.
Ocorre-me que escrevo esse blog, esse texto inclusive, sem me importar muito com opiniões alheias. Um pouco de opinião é necessária, ainda não sou um estrangeiro e minha própria cultura, mas eu realmente escrevo o que penso, ponderando e não apenas afirmando sem pensar.
Se tem relevância? Para minha necessidade de expressão, tem. Para os que realmente gostam de debater e saber a opinião de um pensador pouco conhecido, também. Só penso que a importância dada a opiniões, é supervalorizada e deveria ser compreendida, mesmo em nosso cotidiano, como apenas uma forma imperfeita de comunicação de ideias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário