07 abril, 2011

O que é um filósofo?

O conhecimento das coisas se tornou tão fragmentado que já não é possível aprender a fundo sobre todos os assuntos ou ciências. Morte da filosofia antiga. Estudam-se apenas campos dentro da própria filosofia, com pouca ou nenhuma ligação com outros saberes. Como podemos ainda ser considerados filósofos?

O que é um filósofo? Como podemos nos considerar pensadores quando apenas fazemos exercícios lógicos sobre teorias e sistemas estritamente filosóficos, sem nenhuma consideração por uma ligação com o real ou plausibilidade de argumento? Assim parece que só se evolui por jogos mentais. Mas esses jogos não servem para entender melhor as coisas, apenas vão acrescentando novas variáveis e possibilidades.

Digo que a Filosofia Antiga está morta por causa dessa tendência especialista no pensamento filosófico. Não vemos filósofos com conhecimento sobre outras ciências, principalmente as naturais, tentando repensar teorias e elaborar questões pertinentes ao intercâmbio (ou interdisciplinaridade, que é mais bonito) entre as ciências e saberes.
 Vemos especialistas, se aprofundando cada vez mais no "seu filósofo" e ignorando o resto.

As teorias epistemológicas analíticas pecam pelo excesso de exemplos esdrúxulos para apresentar uma tese; ou melhor, um enunciado. A partir dele se pensa as consequências e a validade/verdade de um argumento ou sentença. Poderemos ficar séculos inventando formas de pensar em coisas estranhas que podem acontecer ao conhecimento; a última que ouvi, sobre o cérebro partido, foi a melhor... A lógica não é a realidade, por mais que tentem nos convencer.

Em moral, paramos no Imperativo de Kant e numa teleologia que não se sustenta à luz de conhecimentos recentes da Física. Mesmo o utilitarismo se torna fraco, mas pelo menos admite seus limites.

A própria idéia de Deus, estudada a fundo por filósofos medievais e saudosistas religiosos deveria ser abandonada num estudo mais completo e sério da realidade que podemos alcançar com nossos sentidos. O tempo das ilusões coletivas tem que acabar!

A metafísica é uma série de postulados que precisam ser urgentemente revisitados por alguém que conheça Biologia, Física e Psicologia, no mínimo. Não é possível ainda sustentarmos certas ideias antigas (a alma, por exemplo).

Acredito no avanço de conhecimento e de coisas que podemos saber para aumentar a capacidade crítica, a profundidade de uma avaliação ou a fundamentação de argumentos. Percebo facilidade em transitar por assuntos filosóficos espinhosos, justamente por conhecer o que pensam outras ciências aquele respeito; procuro me informar sobre novas descobertas, novas teses. Não apenas na filosofia se faz o filosofar!
Que tipo de filósofo somos nós, os homens do século XXI? Será tão difícil assim buscar uma formação mais abrangente, diversificada e completa?

Essa postagem é radical e completamente carregada com meus conceitos e preconceitos. Pensem.

2 comentários:

  1. Olá, Alex.

    Você fez emergir algumas questões importantes:

    1. a interdisciplinaridade da Filosofia com as Ciências em geral - como e de que modo isso é possível? A Filosofia parece problematizar de modo radical a realidade enquanto a Ciência opera com os entes procurando por soluções para os seus respectivos problemas;

    2. o quão decisivo pode ser dividir rigorosamente a Filosofia em disciplinas e perder o seu verdadeiro sentido.

    Bom, desafios ao pensamento.
    Grande abraço.

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  2. Nossa função como filósofos é pensar as teorias por trás das experiências científicas e postular suas aplicações, possibilidades, consequências; analisar os resultados em busca de avanços, tentar entender até que ponto se pode alterar uma perspectiva ou sistema, coisas assim.
    O que fazemos é justamente nos distanciar dos entes, seus problemas reais e permanecemos em nossa realidade puramente abstrata de possibilidades sem conexão com nada que está sendo pensado por outras ciências.
    Um exemplo gritante é a Física, mas podemos avançar muito conhecendo Biologia, Química, Psicologia, Neurologia, Astronomia.
    Devemos resgatar o modo pré-socrático de filosofar: analisando o real como um todo. Sabemos que não alcançaremos uma arqué, mas pelo menos usaremos melhor de nossas ferramentas.
    Um abraço.

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