22 março, 2011

Antecipação

     O corpo treme. As mão suadas parecem estar frias, mas sei que não estão. Uma espécie de vertigem turva meu olhar no momento em que me concentro tentando encontrar as palavras exatas. Abro bem os olhos para afastar o véu que parece me cobrir e recobrar meu controle.
     A garganta seca dificulta falar, então pigarreio para recuperar a voz. Um vazio toma forma em meu ventre, no lugar do estômago. Parece que serei engolido por ele.
 
   Olhos alheios me perfuram, me analisam, me julgam, tentam me intimidar. Isso me faz enrubescer e me dá mais vontade de acabar logo com isso. Levanto da cadeira onde estava sentado e me posiciono ereto, de frente aos meus avaliadores. Disfarço como posso o tremor e o suor das mãos.
     Esse momento é o mais importante de toda a caminhada, onde o destino de minha carreira pode ser bom ou ruim; aqui e agora devo superar meu medo e eu o enfrento de frente, olhos nos olhos. Não tenho o que temer. Me preparei muito para isso. Eu sei do que estou tratando.
     Minha voz soa calma e distinta, como se nada estivesse ocorrendo:
     - Meu trabalho trata sobre...

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