25 agosto, 2010

Filosofia Oriental

Uma interessante discussão surgiu em uma aula recente de Estética, a respeito da existência de uma Filosofia Oriental (especificamente a chinesa): existe mesmo uma filosofia ou as correntes de pensamento que conhecemos são religiões, tradições e superstições?
Para começar sugiro o texto de André Bueno "O que é a filosofia chinesa?" como ponto de referência; o texto aborda a dificuldade de simplesmente tentar entender o sistema de pensamento chinês com
conceitos ocidentais, sem levar em conta a história, o desenvolvimento cultural, o espírito do oriental.
O próprio termo filosofia está deslocado, já faz referência ao ocidente; os temas são diferentes, tanto em enfoque quanto em período histórico; a metodologia é diferente.
Um colega opinou que a questão de diferenciação dos sistemas de pensamento e o que é considerado filosofia seria mera questão de filosofia da linguagem, onde os conceitos e a estruturação linguística é que terim sido fundamentais para tornar os sistemas tão diferentes.
Discordo com esse simplismo e acredito que a questão é bem mais complexa, envolvendo a antropologia filosófica (desenvolvimento cultural e as questões humanas), epistemologia (o modo de tratar filosofia e arte como pedagógicos), ontologia (o conceito de 'unidade' oriental é diferente do nosso), além de um aspecto importante: o paradigma oriental é muito diferente do nosso.
O modo ocidental de pensar também é um impeditivo para a análise, não só a língua ou sintaxe ortográfica. Nosso modo é o único capaz de julgar o que é filosofia? E podemos classificar tudo que é diferente dentro de nossos conceitos? Mais ainda: teríamos conceitos únicos?
Nesse contexto fica a questão... Se a filosofia ocidental até o presente momento esteve debruçada sobre si e seu próprio paradigma, como podemos crer que nossos conceitos, sistemas de pensamento e métodos, sejam os mais acertados e verdadeiros, se desde a mesma época em que Sócrates filosofou os chineses já estavam pensando questões até mais complexas que os gregos?
Um sitema que se julgue universal (sim, critico Kant, por exemplo)deveria pelo menos tentar se aproximar de outros paradigmas para averiguar se suas respostas na ética, na epistemologia e mesmo na lógica estão condizentes.
Ao pensar nessas questões fica claro o quanto a filosofia ainda tem a percorrer no caminho de um entendimento mais abrangente do homem, da arte, da mente e do espírito. Não entramos num acordo entre nós, num mesmo paradigma, que dirá com os diferentes?!
Acho que vou estudar mandarim...

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