29 junho, 2011

O Valor do Entretenimento

          O que se pode esperar de um país que valoriza mais o entretenimento do que as questões básicas de sua sociedade?
          Não sei bem o que pensar de nosso povo e nossos "líderes" quando acompanho por alguns momentos os noticiários, seja pela TV, jornal ou internet. Há descaso com assuntos essenciais como a saúde, infra estrutura, política, educação e segurança; não que não se fale desses assuntos. Fala-se e
muito. O problema é na abordagem estilo reality show com que são tratadas.
          Na saúde é sempre uma reportagem denunciando a falta de condições, as filas e o povo gritando por ajuda. Mostram estradas em péssimas condições, ônibus lotados, esgotos não tratados; sempre tem o "escândalo político da semana" com refutações de acusações e formações de CPI que de antemão sabemos ser apenas fachada; a  educação consegue mostrar alguns elementos positivos, quando não se atém à violência sofrida por professores ou às greves; e a segurança é um caso especial: aqui a escatologia se mostra em sua magnitude, com um sensacionalismo exacerbado.
          Tudo é diversão! Tudo está lá, mas parece ser em outro país, muito distante para nos afetar. A proximidade com esses problemas nos trouxe a apatia, a desconsideração do escandaloso. Hoje não é mais uma ameaça, ao presenciar uma falcatrua ou para pressionar um órgão público, dizer que vai chamar a imprensa; corre-se o risco de o próprio denunciado clamar por câmeras e repórteres para cobrir de glórias o seu crime.
          Depois de vermos dinheiro indo parar na cueca, de orarem pela propina recebida, de toda a cúpula de um partido político estar envolvida em corrupção, de sabermos de todas as desgraças que acontecem pela cidade; depois de ignorar tudo isso, o que fazemos? Vamos assistir futebol. Ou ouvir aquela rádio maneira que toca funk e pagode o tempo inteiro!
          Mas o melhor ainda seria se pudéssemos simplesmente usar recursos e tempo para praticar esporte, dançar no baile ou fazer um churrasco com os amigos. E daí se o fulano matou a família e depois se matou? E quantas crianças morrem por fome, sem assistência? Disso não se sabe. E quanto às leis que os deputados aprovam? Sabemos pouco sobre elas, até que alguma atinja diretamente nosso bolso (por multas ou imposto maior).
          Viva o entretenimento! Sejamos cada vez mais submissos ao nosso descaso, nossa apatia! Mas não esqueçam do carvão, cerveja e as chuteiras... 

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